Nos bastidores do futebol europeu, uma preocupação crescente tem tirado o sono de jogadores e clubes: os frequentes roubos a residências de atletas. Do dinheiro às medalhas da Champions League, nenhum objeto parece estar a salvo. Vamos explorar essa realidade e entender as medidas adotadas para enfrentar essa ameaça.
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A onda de roubos
Grupos criminosos altamente especializados têm atuado com audácia, invadindo as casas de jogadores renomados, como Real Madrid, Barcelona e Manchester City. Desde 2018, mais de 50 casos foram registrados, com poucos sendo solucionados pelas autoridades policiais.
Impacto nos jogadores
Além do prejuízo material, os roubos têm gerado um impacto significativo na rotina e na sensação de segurança dos jogadores e suas famílias. Muitos adotaram medidas extras de segurança, como a instalação de câmeras e a contratação de seguranças particulares, buscando proteger seus lares e entes queridos.
Por volta desse período, o atacante Kaio Jorge, atualmente emprestado pela Juventus ao Frosinone, recebeu a notícia de que sua residência na Itália havia sido alvo de furto. Na ocasião, ele estava de férias no Brasil. Os criminosos levaram diversas posses, incluindo bolsas da mãe, óculos, roupas de grife, joias e um automóvel.
— A polícia investigou, mas ficou por isso mesmo, não tive nenhum material devolvido, e não conseguiram pegar os bandidos. Depois do assalto, entreguei a casa porque não queria mais morar ali. Sendo que era tudo blindado, portas, sistemas de alarme, mas eles conseguiram uma cópia da chave da casa e entraram pela academia — contou Kaio Jorge.
Padrões recorrentes emergem: os criminosos preferem agir quando os jogadores estão ausentes, seja em viagens de lazer, trabalho ou até mesmo durante os jogos na mesma cidade. Um exemplo é o lateral-direito Rodinei, de férias na Grécia, enquanto sua casa era roubada, levando objetos e documentos, incluindo seu passaporte. Nenhum suspeito foi detido e nenhum item foi recuperado.
Em maio do ano passado, o atacante Rodrygo foi vítima de um roubo em sua residência, durante a final da Copa do Rei em que atuava pelo Real Madrid. O inquérito ainda está em andamento, e a polícia aconselhou seus familiares a evitar publicações nas redes sociais que possam expor a localização da residência.
Outros jogadores também se tornaram alvos e adotaram medidas mais rigorosas para proteger suas casas e famílias. Joelinton, por exemplo, reforçou a segurança de sua residência com mais câmeras e contratou segurança particular.
Luan Peres, atualmente no Fenerbahçe, passou pela mesma situação quando sua casa em Marselha foi invadida enquanto ele e sua esposa estavam no estádio Velòdrome, assistindo a uma partida do Olympique. O casal considerou mudar de residência por questões de segurança, mas optou por permanecer por mais tempo.
— Em relação à polícia, eles investigaram, foram lá em casa e relatamos tudo que aconteceu. Fizemos o registro da ocorrência. Passou uma semana, duas semanas, e ninguém falou mais nada, ficou por isso mesmo. Instalamos (mais) câmeras de segurança e alarmes porque eles entraram pelo único ponto que não tinha câmera, nós instalamos alarmes de segurança por todo o jardim — contou Luan Peres.
Em dezembro de 2018, Thiago Silva, então jogador do Paris Saint-Germain, enfrentou uma situação semelhante, porém, nenhum de seus pertences foi recuperado. Mas a polícia conseguiu prender os ladrões, que hoje cumprem pena.
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Medidas adotadas pelos clubes
Frente a essa ameaça crescente, equipes como o Manchester City têm instruído seus jogadores sobre segurança residencial, enquanto o PSG agora fornece seguranças para proteger as residências dos atletas. Contudo, o desafio persiste, com os criminosos aproveitando-se da mobilidade no Espaço Schengen para evitar punições.
Investigando os Responsáveis
Na busca por entender quem está por trás dos crescentes roubos a residências de jogadores de futebol na Europa, a Global Initiative (GITOC) emerge como uma força investigativa. Fatjona Mejdini, diretora do Observatório para o sudeste da Europa da GITOC, destaca a complexidade desses crimes, ressaltando a especialização e transnacionalidade dos criminosos. Eles não apenas dominam suas técnicas, mas também se movem com facilidade entre fronteiras, desafiando as autoridades e exigindo uma resposta coordenada.
O combate aos roubos a residências de jogadores de futebol na Europa enfrenta obstáculos significativos devido à mobilidade facilitada pelo Espaço Schengen. Com 27 países sem fronteiras internas, criminosos podem planejar e executar crimes em múltiplas nações, dificultando a investigação e exigindo uma cooperação internacional intensa. Recentemente, casos como o roubo à residência de Benzema em Madri e uma quadrilha internacional desmantelada na Alemanha ressaltam a necessidade urgente de uma abordagem coordenada e abrangente para enfrentar essa ameaça em constante evolução.
O Destino dos Itens Roubados
Para além dos impactos materiais, o destino dos objetos roubados das residências de jogadores de futebol se torna um verdadeiro enigma, impulsionando o comércio ilegal em escala internacional. Os criminosos, extremamente astutos em suas operações, exploram minuciosamente as brechas legais entre os países, revendendo joias, carros de luxo e outros itens valiosos em mercados distantes dos locais dos crimes. Recentemente, um esforço da polícia britânica conseguiu frustrar uma tentativa de enviar veículos de dois jogadores da Premier League para Dubai, destacando os desafios enfrentados pelas autoridades na investigação desses delitos transnacionais.
Além disso, projetos como o “Pantera Cor de Rosa” e “Diamante”, conduzidos pela Europol, oferecem uma visão mais detalhada da complexidade dessas redes criminosas. Tais iniciativas revelam a presença de indivíduos originários da América do Sul, que contribuem para a sofisticação crescente dos métodos empregados. Nesse contexto, a colaboração internacional surge como um elemento crucial na luta contra esse tipo de crime, como evidenciado pela prisão de suspeitos envolvidos em roubos a residências de jogadores do Real Madrid e do Atlético de Madrid, uma operação conduzida conjuntamente pela Europol e pela Guarda Civil espanhola.
Os roubos a jogadores de futebol na Europa representam um desafio cada vez maior para os clubes e autoridades. Enquanto medidas são tomadas para proteger os atletas, a complexidade e a transnacionalidade desse crime exigem uma abordagem coordenada e eficaz. Resta esperar que ações conjuntas possam trazer mais segurança para os atletas.